Em entrevista, Lula diz que "Dilma vai terminar o mandato muito bem"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com o jornalista Roberto D’Ávila, da GloboNews, para uma entrevista onde falou de sua visão do cenário político e econômico do Brasil e, também, comentou das investigações na Petrobras e os escândalos de seu governo, como Mensalão. A conversa aconteceu no Instituto Lula e, segundo o jornalista, sem pautas ou perguntas previamente aprovadas.

“A democracia é uma coisa interessante. A democracia não é um pacto de silêncio”, começou Lula, quando foi questionado sobre as manifestações e panelaços. “Pobre é um país em que a sociedade não se manifesta”, complementou. O jornalista perguntou se Lula não é responsável pelo governo que está aqui, falando sobre a ascensão de Dilma e o fato de que foi ele quem a colocou na presidência. “Se tem uma pessoa que tem caráter e compromisso com esse país e tem história” é a Dilma, respondeu o ex-presidente. Ele usou fatos como o aumento dos benefícios sociais, salário e a melhora na vida da população nos últimos 12 anos para dizer que ela foi uma boa ministra e, posteriormente, presidente. Lula explicou que esse é o pior momento econômico do mundo desenvolvido e dos países emergentes. Diante desse cenário, Dilma, nas palavras do petista, se saiu bem ao manter o PIB crescendo até 2013, apenas de toda a crise mundial. Sobre as promessas feitas na campanha de reeleição e não cumpridas, ele disse que a presidente percebeu que “Dilma começou a perceber que estava saindo mais água da caixa do que entrando água. Daí, a contradição do discurso da campanha e o que aconteceu". O grande erro de Dilma, nas palavras de Lula, foi manter a política de subsídio para manter a economia crescendo e evitar o desemprego. Ele exemplificou que a companheira de partido está correta em fazer o ajuste fiscal, mas errada em ter demorado tanto. Ele, no entanto, ressaltou que isso não é inteiramente culpa dela – mas, sim, do legislativo que atrasa as votações. 

Crise Política 

“Nunca vi uma população tão desesperançada”, disse Roberto D’Ávila. Para isso, o ex-presidente disse que a comunicação tem boa parte de culpa nisso, uma vez que os veículos estão “negando a política”. Ele não quis comentar sobre uma possível substituição de Joaquim Levy, dizendo que isso é “a Dilma que sabe”. “Ex-presidente precisa tomar muito cuidado para não dar palpite”, afirmou ele, comparando seu papel como o de ex-marido. Ele explicou que não dá nenhuma opinião para Dilma ou para o governo. No entanto, em outro momento da entrevista, disse que falou com a presidente sobre uma possível volta da CPMF.

Mensalão e Petrolão 

Lula considera que o Brasil evoluiu, pois hoje se investiga tudo. Ele lembrou que as leis usadas para essas investigações foram todas feitas nos últimos 12 anos. Garantiu que foi sua convicção de sindicalista que o fez dar autonomia e meios para que os erros sejam punidos. Para ele, isso faz com que o Brasil se encaminhe para ser um país sério. Mais uma vez, criticou os meios de comunicação por seu papel junto aos brasileiros: “acho grave o vazamento seletivo de determinadas informações”. 

Petrobrás 

“A história da quadrilha é antiga”, disse Lula para explicar que o seu governo não tem culpa no esquema de corrupção. Ele ressaltou que foi, sim, um susto quando tomou conhecimento dos escândalos de corrupção. 

Impeachment 

“Não tem aparo legal”, disse Lula sobre os pedidos de afastamento de Dilma Rousseff. Ele, no entanto, afirmou que ela “vai terminar o mandato muito bem”. Lula aproveitou e disse que a companheira de partido tem apenas uma obrigação: “Começar a cuidar do Brasil e do povo brasileiro”. 

Investigações 

Um dos momentos que o presidente tentou não responder diretamente foi ao ser questionado sobre a investigação de seu filho Luís Cláudio. Mais uma vez, falou o “vazamento seletivo de informação” por parte da imprensa. Ele ainda falou que "ele tem que provar que ele fez a coisa certa". 

Eleições 2018 

A grande dúvida é: Lula será candidato em 2018? Ele não confirmou nem negou. Disse apenas que “espero que o Brasil evolua tanto que eu não tenha que voltar”.

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