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Foto: Reprodução/Rádio Metropole |
A médica ginecologista e obstetra Patrícia Carneiro falou, no programa Metropole Saúde, sobre a nova portaria do Ministério da Saúde que inclui vítimas de violência sexual como grupo prioritário para imunização contra o vírus HPV (papilomavírus humano).
De acordo com Patrícia Carneiro, a inserção dessas pessoas acontece em um momento de dados alarmantes, os quais revelam que 30% das pessoas que são vítimas de violência sexual evoluem com algum tipo de lesão causada pelo vírus. Um boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, em maio deste ano, mostrou que entre 2015 e 2021, foram notificados 202.948 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes.
“Somente a notificação em São Paulo chega a nove mil casos por ano. Uma nova portaria publicada no dia 2 de agosto traz o público vítima de violência sexual. A pessoa entre 9 e 45 anos de idade que ainda não tenha se vacinado entra como grupo prioritário, de graça e na rede SUS”, explicou a médica, no programa da Rádio Metropole na última segunda-feira (18). Além das vítimas, podem receber o imunizante na janela de 9 e 45 anos imunossupressos e portadores do HIV. Para os demais, que não possuem condições, a vacina está disponível no sistema privado.
Infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo, o HPV está associado a 80% dos casos de câncer do colo do útero e a mais da metade dos casos de câncer na vulva, pênis, ânus e orofaringe, além de provocar 90% das verrugas genitais.
Importância da vacina
A ginecologista destacou que a vacinação é o meio mais efetivo de se prevenir do HPV. Segundo ela, o imunizante protege áreas que o uso do preservativo não consegue abarcar. A Campanha Nacional de Vacinação no Brasil disponibiliza as vacinas para crianças entre 9 e 14 anos, além dos grupos prioritários.
“Precisamos estar de mãos dadas nessa tentativa de prevenção no máximo que pudermos e a vacina é a nossa parceira [...] É uma forma que temos ativa de prevenção. Sobre preservativos, o feminino protege mais por pegar a região da vulva, já o masculino só envolve mesmo o pênis. Nas preliminares, principalmente no casal jovem, aquele momento também é de risco. Temos pacientes que usaram preservativos e infelizmente evoluiu para algum tipo de verruga genital ou lesão. A vacina é a forma de proteger esses outros locais que o preservativo não consegue”, disse.
Conforme a especialista, o objetivo da imunização, ainda na infância, é evitar as consequências das causas do vírus a longo prazo. A esperança é de que com a vacinação em massa, o câncer de colo de útero causado pelo HPV seja vencido. “Quando a gente pensa em estratégias do Ministério da Saúde, a gente pensa no nosso público. O que vamos esperar para ele em dez anos? A vacina dada hoje protege do câncer que acontece a longo prazo, você está prevenindo lesões futuras [...] A intenção a nível de saúde pública é que a geração agora vacinada esteja livre do risco de colo de útero causado pelo HPV”.
Riscos na cavidade oral
Ainda conforme a especialista, o HPV não é uma preocupação apenas das áreas que tratam das partes íntimas, como a ginecologia e a coloproctologia, mas também a mucomaxila, devido as lesões na cavidade oral. O vírus atinge a região bucal através de diversas “portas de entrada”, em contato com o sexo oral e o beijo, que não são protegidos por preservativos.
“Se você tem uma lesão em atividade e você tem uma porta de entrada, existe sim o risco. O sexo oral é uma das formas de ser contaminado pelo vírus do HPV e o beijo entra nesse contaminação porque se o paciente tem uma verruga na cavidade oral ele pode estar passando adiante, por não ter como usar camisinha. Por isso, vacinar é tão importante”, ressaltou.
*Metro1
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